palavras chave: áreas de superfícies no espaço, centro de massa, integral de superfície, mudança de variáveis, parametrização de superfícies, superfície parametrizada.

eu mesmo

Áreas de superfícies no espaço.

Uma superfície num espaço de dimensão maior do que dois, em 3D ou em dimensão mais alta, é a imagem de uma superfície plana. A forma exata de falar é dizer que ela pode ser parametrizada sobre uma superfície plana. Há alguns problemas neste processo de parametrização que podem ser facilmente observados com um exemplo bem conhecido: um mapa mundi.
mapa mundi de Kepler Aqui você pode ver o mapa mundi feito por Kepler e visualizar o problema que se pode ter para representar numa região retangular uma superfície, como é o caso, que encerra um sólido do espaço - a fronteira do sólido.
Um dos problemas neste caso é a "linha do tempo" onde a esfera é aberta para ser disposta numa região plana.
O problema menor: a área da esfera não é igual à área do retângulo que lhe serve de conjunto de parametrização (domínio das equações paramétricas).
Da mesma forma, qualquer área de uma região representada no mapa retangular tem uma área diferente da real região que se encontra sobre a esfera.
A forma de entender e calcular frente a este problema fica facilmente resolvido com a regra da cadéia que provê o coeficiente local de distorção entre a área no domínio de parametrização e a área na superfície espacial. Este é o objetivo deste texto.
Há outros problemas que não vou discutir aqui, a palavra "atlas" pode lhe servir de apoio para fazer uma busca na Internet e ver outros problemas ligados a esta questão, e eu suponho que você será suficientemente curios@ para ir em busca destes problemas para ver que há mais coisas do que a simples distorção da área na representação de uma superfície (ou de um objeto qualquer) entre espaços de dimensões diferentes.

A lei do coseno

Vou usar uma representação geométrica simples para mostrar-lhe como podemos descobrir o coeficiente de distorção e depois vou mostrar-lhe como entendê-lo dentro da expressão da regra da cadéia.

A área de uma elipse

Podemos entender uma elipse como um círculo distorcido.
Há diversas formas de distorcer um círculo, uma delas consiste em projetá-lo sobre um plano, e o resultado será outro círculo (se os dois planos - o de saída e o de chegada) forem paralelos.
Se estes dois planos não forem paralelos a imagem do círculo no plano de chegada será uma elipse contida dentro de um cilindro com mesmo raio do círculo no plano de saída. Preciso que você entenda claramente esta afirmação porque vou precisar dela nos próximos cálculos. O programa exer11_00_01.calc foi usado para produzir algumas imagens para esta página, possivelmente você conseguirá entender melhor se rodar o programa e assim ver melhor os gráficos sob a sua perspectiva. elipse imagem do círculo
Na imagem você pode ver um círculo desenhado no plano XOY e sua projeção (perpendicular - ao longo do eixo OZ) no plano tangente ao gráfico de uma função.
Imagine agora um cilindro tendo por base o círculo no plano XOY. A elipse-imagem terá o seu eixo menor coincidente com o diâmetro do cilindro e se expande no cilindro para "acomodar" o eixo maior.
Para este caso, área da elipse é
(área do círculo)/cos(t)
em que t é o ângulo entre o plano tangente e o plano XOY - logo o ângulo do vetor perpendicular ao plano o que nos leva ao gradiente da função z = F(x,y).
Usei uma função z = F(x,y) apenas para obter mais facilmente as imagens - rapidamente posso trocar o plano apenas indicando os parâmetros a,b. Uma leitura do programa vai obrigá-l@ a rever tudo o que já estudamos de Cálculo e ao mesmo mostrar-lhe que o que estudamos é necessário se você deseja entender como se colocam imagens no espaço.
Com o programa exer11_00_01.calc você pode ver que a imagem do círculo é uma elipse cuja área é maior que a do círculo porque o seu eixo menor coincide com o diâmetro do cilindro. Consequentemente o coeficiente de distorção que vai me dar a área da elipse como múltiplo da área do círculo é maior do que 1: 1/cos(t).
Uma outra experiência simples vai lhe mostrar a mesma imagem: você precisa de uma lanterna e uma folha de cartolina (papel pesado).
Projete a luz no papel, quando o eixo da lanterna estiver perpendicular ao papel, você verá uma imagem circular (maior do que o círculo da lanterna porque você está projetando um cone de luz).
Mude o ângulo e verá surgir uma elipse cujo eixo menor coincide com o diâmetro da imagem do círculo anterior, e o diametro maior passa do diâmetro.
Conclusão: a área da elipse é obtida por um coeficiente maior do que 1 porque o círculo está contido na imagem da elipse.

Uma aplicação simples

Por sorte os que mexem com corrupção imobiliária nunca irão estudar Cálculo, e se estudarem não vão passar de Cálculo I não chegando até este ponto.
A área de uma região montanhosa é maior do que a área de uma região plana! Quer dizer que o preço da construção por metro quadrado tem que ser maior na serra! Mas vai ser difícil este pessoal convencer deste detalhe ao comprador usando a argumentação do Cálculo!
Nesta imagem, obtida com o programa exer11_00_01.calc acho que você pode ver mais claramente que a elipse está expandida relativamente ao círculo (se acomodando ao cilindro que tem o círculo por base). elipse e o cilindro de base circular Esta outra imagem mostra que a elipse ficou de tal forma dilatada que saiu do campo da imagem projetada no programa. dilatação muito grande da elipse

A lei do coseno - um coeficiente de distorção constante.

A lei do coseno me dá um coeficiente de distorção constante o que me permite calcular a área de uma figura projetada num plano (uma figura plana no espaço - obtida pela projeção de uma figura plana contida em XOY sobre um plano que faça o ângulo t com o plano XOY.
Vou mostrar-lhe como obter a expressão da integral para o cálculo da área da superfície que é imagem de uma região, W, do plano. Usando a notação do programa exer11_00_01.calc cada passo do algoritmo pode ser descrito assim:
  1. escrevo a equação do plano tangente ao gráfico de F num ponto arbitrário (a,b,c) = (a,b,F(a,b));
  2. posso agora obter a expressão de um vetor perpendicular ao gráfico de z = F(x,y) neste ponto (a,b,c);
  3. normalizo o vetor perpendicular, calculo portanto um vetor normal ao gráfico de F no ponto (a,b,c);
  4. o produto escalar do vetor normal com o vetor unitário, k, do eixo OZ me fornece o cos(t)(a,b) o coeficiente local de distorção.
As contas são estas:
fórmula da área de uma superfície
e você pode notar a semelhança com a fórmula para o cálculo do comprimento de arco, equação (19), página 8, da lista 07.
A última expressão na equação (1) é o ``coeficiente de deformação local'' na integral que nos permite de calcular a área da imagem de uma região W projetada sobre a superfície graf(F). Mais precisamente:
fórmula da área de uma superfície
A primeira integral dupla, na última equação, é apenas um símbolo que você pode ler "área de Omega".

Área de uma superfície parametrizada sobre W.

Vou escrever agora a expressão da integral para o cálculo dá area de uma superfície limitada, ainda obtida como imagem de uma região W do plano XOY - dizemos que a superfície está parametrizada em W.
Os dados do problema são:
  1. (u,v,w) um ponto genérico da superfície contida no R3;
  2. Um sistema de equações paramétricas u,v,w definidas em W;
    1. u = u(x,y) ; x,y em W;
    2. v = v(x,y) ; x,y em W;
    3. w = w(x,y) ; x,y em W;
Posso, por analogia aos cálculos que já fizemos na lista 07, escrever a expressão da área de uma região limitada sobre uma superfície ${\cal S}$ quando esta superfície estiver parametrizada sobre uma região do plano. Em geral pensamos na região do plano XOY como um retângulo ou um círculo quando o cálculo da integral fica fácial (se soubermos calculá-la).
A expressão é da integral com equações paramétricas é área de superfície parametrizada

Integral como distribuição de massa

Evite de se intimidar com a "generalidade" desta último parágrafo. O objetivo não é o de confundí-lo, mas de aguçar sua curiosidade para se aprofundar no estudo da integração.
É uma espécie de conclusão.
Os cálculos que fiz acima nos conduzem a ver o integrando como uma função de distribuição de uma certa "massa" no espaço. Em vez da palavra "massa" podemos usar "energia". A integral representa a quantidade total de algum fenômeno definido em uma certa região e pode ser expressa com o símbolo significado da integral texto mais texto

Centro de massa

Uma aplicação interessante no cálculo de qualquer integral são os conceitos de valor médio, centro de massa.
Estes conceitos estão interligados e é preciso alguma prática para ver a distinção entre eles e algumas vezes precisamos vê-los como dois conceitos distintos.
O valor médio integral generaliza o conceito de média ponderada.
valor médio
Se escrevermos uma soma de Riemann para esta integral vamos poder identificar os pesos (cuja soma é 1) numa média aritmética ponderada, devido a divisão pela medida do espaço.
Se a função F for vetorial (e não há nada especial em calcular uma integral sobre funções vetoriais - como no caso de derivadas de funções vetoriais), o resultado da integral é um vetor do espaço, portanto uma posição.
Então a integral calculou um ponto do espaço, em vez de calcular um número.
Se a função que estiver no integrando for constante 1, o resultado é o centro do domínio de integração - o seu centro de massa.
Se a função no integrando for diferente de 1 podemos interpretar este fato dizendo que o domínio de integração não tem massa uniformemente distribuida e portanto o seu centro de massa não coincide com o seu centro geométrico (a média integral).